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Entre Estantes: Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque
Nesta edição da série Entre Estantes, falaremos do livro Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque, de Sidney Chalhoub. O objetivo central da obra é apresentar detalhes sobre quem eram e como era a rotina dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque, onde os imigrantes representavam uma grande parcela da população, juntamente com a população negra libertada pela abolição.

Como protagonistas do livro temos Zé Galego, Paschoal e Júlia, que discorrem sobre como viveram suas experiências na cidade do Rio de Janeiro, capital da jovem República que passava por significativas modificações econômicas, sociais e demográficas. República que havia assumido o propósito de tornar o homem livre - fossem eles ex-escravos ou imigrantes - em trabalhador assalariado, fazendo-os conquistar bens relacionados à sobrevivência.
Na reflexão do autor, imigrantes – bem como a população brasileira não branca – eram relacionados com vadiagem e pobreza e considerados por muitos como uma classe ‘perigosa’. Essa visão gerava hostilidade e conflitos étnicos com relação à classe trabalhadora, em que a população de migrantes acabava tendo que se sujeitar a trabalhos que tinham salários muito baixos, lesando ainda mais as precárias condições de sua existência.

Esses conflitos contribuíram para que o negro, homem livre, vivesse sob um novo cenário de subordinação: classes dominantes o viam como mau trabalhador já que, com a falta de instrução e suporte após a abolição, esses homens dificilmente encontravam oportunidades de trabalho digno. Assim, os imigrantes eram considerados os funcionários mais preparados e capacitados para agilizar o processo de mudança para a ordem capitalista, aumentando a marginalidade dos ex-escravos, além de promover a ideia de que desenvolvimento era sinônimo de branqueamento da população brasileira, dando maior ênfase aos discursos sobre a superioridade branca.

O livro é uma excelente contribuição das representações da cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX e início do século XX, descrevendo com detalhes as moradas, cômodos, botequins, comércio, símbolos e questões históricas da Belle Époque.
Esse livro está disponível para leitura e consulta na Biblioteca do Centro de Preservação, Pesquisa e Referência (CPPR) do Museu, que conta com um acervo bibliográfico especializado em migrações e abrange diversas nacionalidades e assuntos.